O que está por trás do ataque de Motta e Centrão ao pacote de Haddad
Após clima ameno nos últimos dias, Hugo Motta e caciques do Centrão subiram tom contra novo pacote fiscal idealizado pelo ministro Haddad
atualizado
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Após um clima mais ameno com a equipe econômica no fim de semana, o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e lideranças do Centrão decidiram elevar o tom, nesta quarta-feira (11/6), contra o pacote idealizado pelo ministro Fernando Haddad para “calibrar” a alta do IOF.
O pacotão de Haddad, como vem noticiando a coluna, prevê a edição de uma medida provisória (MP) com aumento de tributos para alguns segmentos. Um dos afetados seriam as casas de apostas, também chamadas de Bets, cuja tributação aria de 12% para 18% da receita bruta das empresas.
O pacote idealizado pelo chefe da equipe econômica do governo Lula prevê também a tributação de títulos hoje isentos de imposto de renda (IR), como a Letra de Crédito Imobiliário (LCI) e a Letra de Crédito do Agronegócio (LCA). Pela MP, eles devem ar a ser tributados com 5% de IR.
As críticas de Motta ao pacote, porém, têm mais a ver com uma atitude de outro poder. Mais especificamente o despacho do ministro do STF Flávio Dino cobrando informações do Congresso sobre supostas emendas de comissão paralelas por meio da verba discricionária do Ministério da Saúde.
O presidente da Câmara, segundo relatos, deixou claro sua insatisfação com o despacho de Dino em conversas com líderes partidários e integrantes do Palácio do Planalto. Motta, inclusive, ligou para a ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, para reclamar do pedido.
Além do incômodo com o despacho do ministro do Supremo, as críticas do Centrão ao pacote de Haddad estão relacionadas ao forte lobby junto aos parlamentares por parte do setor das Bets e do mercado financeiro, principais afetados imediatos pelo novo pacotão fiscal de Haddad.
No caso das Bets, o lobby começou desde a semana ada. Conforme a coluna revelou, entidades que representam o setor pediram, na terça-feira (3/6), uma reunião com três ministros de Lula para falar sobre o tema: Haddad (Fazenda), André Fufuca (Esportes) e Celso Sabino (Turismo).
Pressionados por esse lobby, PP e União Brasil, dois dos maiores partidos do Centrão, fecharam questão contra qualquer medida de aumento de impostos anunciada pelo governo. O anúncio, conforme antecipou a coluna, será feito conjutamente pelos presidentes das duas legendas nesta quarta.