Vivência assexual: saiba mais sobre a letra A da sigla LGBTQIAPN+
No Mês do Orgulho LGBTQIAPN+, a Pouca Vergonha celebra cada letra da sigla; neste sábado (14/6), saiba mais sobre a assexualidade
atualizado
Compartilhar notícia

Junho é considerado Mês do Orgulho LGBTQIAPN+ e, ao longo do mês, a Pouca Vergonha abordará reportagens para todas as letras da sigla. Uma delas é a vivência assexual, uma orientação que a por bastante invisibilidade na sociedade.
Recentemente, a assexualidade foi abordada no remake de Vale Tudo pelo personagem Poliana, interpretado por Matheus Nachtergaele. O personagem revelou ser assexual em conversa com a irmã, Aldeíde, vivida por Karine Teles. A cena foi um dos destaques da semana e sinaliza o aprofundamento de um tema ainda pouco retratado.

A designer gráfico e do Coletivo de Assexuais e pessoa não binária Sanna Hara explicou que a assexualidade, atualmente, é compreendida como a ausência de atração sexual, sendo essa ausência total (assexual estrito, não há atração sexual de forma alguma em tempo algum durante a vida), parcial ou condicional.

Dessa forma, o termo mais adequado para a comunidade LGBTQIAPN+ é assexual ou pessoa assexual, seguindo a mesma lógica de outras orientações existentes, como homo, hétero, bi e pansexual.
“A invisibilidade assexual acarreta problemas que vão além do campo pessoal identitário, pois atingem esferas sociais, o à saúde e de direitos básicos”, comenta.
Sanna exemplifica como a falta de informação sobre a orientação sexual acarreta nas pessoas:
- Inúmeras pessoas assexuais lidam com hormonização compulsória com intenção de aumento de libido.
- Tratamentos psicológicos e psiquiátricos para tratar a falta de atração sexual.
- Há muitos relatos de pessoas assexuais que têm alguns exames de prevenção de doenças negadosquando informam que são assexuais, o que faz com que muitas dessas pessoas ocultem esta informação para terem o ao básico.
- Casos de depressão de assexuais que não se veem parte do sistema regular de saúde e acabam se fechando a tratamentos de saúde mental e física.
“Os exemplos acima vão erroneamente em busca de uma ‘cura assexual’, algo que não existe quando se entende que assexualidade não é uma patologia”, salienta. “Em outros âmbitos, a falta de compreensão do que é assexualidade pode trazer eventos traumáticos irreparáveis, como o ‘estupro corretivo’, quando alguém tenta ‘curar’ a assexualidade de alguém por meio de sexo forçado.”
Afetos e vivência sexual
Sanna explica que é necessário compreender a diferença entre atração sexual e romântica. “Algumas pessoas assexuais podem sentir atração romântica e portanto demonstrarem afeto da forma que lhes for confortável, pois isso é algo que varia de acordo com a personalidade de cada ser. Prática sexual é diferente de atração sexual, então eu posso simplesmente transar sem necessariamente ter atração por alguém.”
Segundo ela, ao mesmo tempo, alguém pode se apaixonar por outro alguém sem sentir atração sexual. “Entender que atração sexual está sempre vinculada à atração romântica me parece prejudicial tanto ao dito romance quanto ao sexo em si”, acrescenta.